Se me permitem, vou começar (quase) pelo fim desta experiência gastronómica no Federico, o restaurante o Palácio Ludovice, em Lisboa: pelo magret de pato com chocolate saído das mãos do chef Ricardo Simões. Que combinação inusitada e, no entanto, tão luxuriante.
Só a descrição bastou para me despertar as papilas gustativas. Mas a degustação superou todas as expectativas, com o pato em ótima companhia com laranja e gengibre e melhor ainda com avelã e amendoim. Um contraste de sabores, mas tão equilibrado.
No copo, Gradil Reserva 2019, um blend de touriga nacional e alicante bouschet de Lisboa escolhido, a dedo, pelo sommelier Miguel Ventura, um indefetível das castas portuguesas como se viria a comprovar ao longo de todo o jantar.
Voltemos, agora, ao início. Tártaro de atum, com creme de maçã verde e gin, acompanhado de um refrescante rosé do Douro, Castro 2022, um blend de touriga nacional e tinta roriz, pálido e cítrico.
À mesa chegaram depois croquetes de leitão com maionese de caril e uma salada asiática, ricos no recheio e, portanto, o ideal para provar com Três Bagos Sauvignon Blanc, da Lavradores da Feitoria.
Continuámos no branco, Herdade da Calada Reserva 2019, um Antão Vaz que harmonizou muito bem com o robalo cozinhado em água do mar, com batata fumada e creme de carabineiro.
Saltamos o passo seguinte do menu, o pato que ganhou honras de abertura do artigo, e desembocamos na sobremesa – pastel de nata, com gelado de café e caramelo salgado, saboreado com moscatel roxo, um Horácio Simões 2007.
Uma degustação sob um céu estrelado, porque é exatamente esse o efeito criado pelas luzes que pendem do teto. Nele, pontua uma ampla claraboia, que durante o dia inunda o Federico de luz natural. Os jardins verticais emolduram o claustro do palácio agora convertido em restaurante.
A verdade é que os olhos também comem. E o ambiente entra inequivocamente nesta receita.