O mercado de beleza é muito resiliente às crises, mas não é imune às tendências. Disso mesmo deu conta o diretor-geral da L’Oréal Luxe Portugal, na apresentação das novidades das marcas do grupo.
E este é, nas suas palavras, um “grupo muito dinâmico”, sendo que parte do sucesso assenta, precisamente, nessa resiliência do mercado de beleza às crises. Isto significa que, para um grupo com presença global, é possível compensar as quebras nuns mercados com os crescimentos noutros, bem como o declínio de uns segmentos de produtos com a subida noutras categorias. Seja no luxo, seja no market mass.
Por outro lado, acrescentou, é um grupo com uma grande capacidade para construir marcas, transformando-as em pilares internacionais. Ou para fazer crescer marcas que já eram fortes, mas tinham uma presença pequena no mercado. É o caso da Prada, que integrou recentemente a L’Oréal Luxe.
Os últimos anos têm sido históricos, do ponto de vista dos resultados, com a particularidade de a Europa estar a voltar em força.
É neste contexto que – enquadrou – o grupo procura estar alinhado com as tendências. Uma delas prende-se com a idade da população: é que, atualmente, 50% tem mais de 50 anos, além de que é uma população da que tinha a mesma idade há 15 anos. Diz Nuno Saraiva que já se desenvolveu com um paradigma diferente no mercado da beleza. Há, pois, que dedicar-lhe um olhar particular, o que envolve os produtos, os porta-vozes das marcas e os meios em que comunicam.
Em paralelo, acentua-se a associação entre beleza e saúde. Já foram segmentos separados, mas, hoje em dia, existe uma clara simbiose. O que está em causa é o bem-estar e as marcas têm de ter a capacidade de se adaptar, quer nos produtos, quer na comunicação, a estas novas necessidades do consumidor, que já não procura apenas sentir-se bonito, procura sentir-se bem consigo próprio. O que vale para o skincare e para a maquilhagem, por exemplo.
Com impacto no mercado da beleza, a sustentabilidade é outra tendência incontornável, até porque o consumidor tem cada vez mais conhecimento. “Os consumidores são eco ativistas nalguma área do seu consumo, seja nos hábitos quotidianos em casa, seja na roupa, seja na beleza”, comentou Nuno Saraiva, destacando que o grupo L’Oréal “sempre teve essa preocupação” e o objetivo é “ser uma inspiração para o mercado”. A prova disso é que é uma das poucas empresas com a classificação AAA do Carbon Disclosure Project e é-o há sete anos consecutivos.
Esta preocupação materializa-se, nomeadamente, na adoção do refil em praticamente todos os pilares de produto, dos perfumes ao skincare. “Quando acabamos um perfume precisamos mudar o frasco? Provavelmente, não”, exemplificou, dando conta de que este mercado está a crescer três vezes, face ao mercado global, mas, já devia estar a crescer 30%.