O convite era para conhecer a Mesa do Chef do Akla, o restaurante do InterContinental Lisbon. Com vista privilegiada para a área de live cooking, foi uma viagem aos sabores e produtos açorianos guiada pelo subchefe Jorge Carpelho.
São quatro a seis os lugares reservados nesta mesa, exclusivamente ao jantar. A proposta é de pratos para partilhar, com o bónus de poder acompanhar, passo a passo, a execução do menu, falar com o chef, tirar dúvidas, aproveitar algumas dicas.
O Menu Açores é a estrela ou não fosse o chef residente, Eddy Melo, açoriano. São dele as receitas servidas nesta mesa, inspiradas nas suas raízes, mas não propriamente tradicionais.
As boas vindas foram dadas com um Rosé Vulcânico, vinho de António Maçanita que ganha este nome porque as uvas são amadurecidas na terra, um pouco à semelhança do famoso cozido das furnas. Herdam, assim, um ligeiro aroma a enxofre, mas que não se sobrepõe às restantes notas. É um vinho frutado, mineral e salino que fez bem as honras iniciais deste menu.
Acompanhou as manteigas propostas como couvert – de beterraba, húmus, queijo, S. Jorge, manjericão e lima. E a focaccia de tomate seco, azeitona e parmesão.
Acompanhou igualmente os dois primeiros pratos: primeiro, lombo de atum patudo de São Mifuel, grelhado no josper, pimento banana, batata doce assada e redução de cebola de cortume. Depois, lula fresca dos Açores, grelhada em carvão zero, mas antes cozinhada a baixa temperatura, servida com mousseline de batata com coentros, molho vilão (com pimenta da terra), limão galego e pico de galo.
A unanimidade açoriana foi quebrada com o vinho proposto a seguir: Quinta das Camélias, um tinto do Dão, da casta alfrocheiro. Mais intenso para casar bem uma proposta invulgar: chicharro dos Açores, um peixe muitas vezes desvalorizado, aqui recheado com inhame das furnas e morcela. Grelhado em carvão zero, veio ao prato com cebolada com pimenta da terra, molho de limão cravo e salsa. Uma combinação pouco óbvia, mas que surpreendeu pela positiva.
Finalmente – e continuando com o tinto – o arroz malandro, na companhia de algas dos Açores, fava do mar, abóbora, queijo de São Jorge 36 meses, cenoura bio assada com tomilho, mel e anona. Muito mais do que um simples arroz, um prato rico, cheio de sabor.
Na verdade, não foi finalmente. Porque o final foi doce, com o gosto de duas sobremesas típicas dos Açores: ananás grelhado no josper com espuma de quejo da olha picante e sorbet de araçal; e bolo micaelense, com cremoso de chá de gorreaba e sorbet de anona.
Um final feliz para esta experiência à Mesa do Chef.