Trilogia Quadraginta. É com esta criação que o enólogo Domingos Soares Franco, vice-presidente da José Maria da Fonseca, celebra quatro décadas dedicadas à produção de vinho. É uma edição limitada, de despedida, composta por um tinto, um branco e um moscatel de Setúbal.
Esta edição conta a história do regresso de Domingos Soares Franco à Quinta de Camarate e às vinhas da família, em 1980. Até que em 2020 as palavras do pai, que o aconselhou a sair na altura certa, com lucidez e a porta grande aberta, começaram a fazer sentido para o enólogo. Inicia-se, assim, a despedida, agora vertida numa trilogia.
Dela faz parte o Quadraginta tinto vinho regional Península de Setúbal 2017, cujo lote final é composto por uma seleção especial de castas tradicionais, a saber Touriga Francesa (22%), proveniente da Herdade de Algeruz de uma vinha de 1998; Trincadeira (44%), da mesma propriedade; e Castelão Francês (34%), uma pequena parte proveniente de Algeruz e a maioria de uma vinha na Serra da Arrábida. Com uma longevidade de 15 anos, é um vinho de tonalidade vermelho com rebordos de telha. O seu aroma é descrito como elegante com madeira “quanto basta”, com grande evolução no copo, complexo, frutado, com aromas a mirtilos, framboesa vermelha, cassis, estevas, violetas, kiwi, especiarias e flor alcaçuz. No paladar, mostra-se muito elegante, complexo e frutado, com taninos muito suaves, mas firmes. O seu final é muito longo.
Já o Quadraginta Branco vinho de mesa 2021 combina Riesling (46%), de uma vinha com 20 anos em Trás-os-Montes, Antão Vaz (44%) de uma vinha com 30 anos na Herdade de Algeruz, e Alvarinho (10%), de uma vinha com 30 anos na Quinta de Camarate. Com uma longevidade de 12 anos, apresenta cor amarelo com laivos dourados. O seu aroma é definido como complexo, sempre em evolução, e frutado, lembrando meloa rosa, marmelada, pêssego, mas também jasmim, petróleo e alguma madeira. Na boca, apresenta frescura, uma boa acidez, enquanto se encontra cheio, equilibrado e elegante. Tudo isto suportado por alguma madeira de cascos de carvalho francês. O final é muito longo.
Quanto ao Quadraginta Moscatel de Setúbal 1998, nasce do espírito criativo e experimentalista do enólogo, de parar vinho generoso com aguardentes provenientes das regiões de Cognac e de Armagnac. Assim, em 1998, iniciou essa experiência com diversas percentagens dessas duas aguardentes. Após finalizar a fermentação e respetiva maceração pelicular, o vinho foi para envelhecimento em cascos de madeira usada. Ali ficou até à pandemia, altura em que Domingos Soares Franco provou o vinho. De tom dourado com laivos esverdeados, exibe um aroma a frutos secos como nozes, figos, avelãs, mas também mel, manga, caixa de charuto, caramelo, trufa, café, acácia, flor limoeiro, coco e casca de laranja. É muito complexo e completo no nariz. Já no paladar, apresenta-se muito frutado, redondo, macio, muito elegante, com doçura elevada, mas muito bem equilibrada pela acidez presente. O final de prova é descrito como interminável.