Foi em Lisboa que começou, mas é na Ericeira que respira agora. Junto ao mar, em terra de pescadores e surfistas, para dar a conhecer vinhos naturais num ambiente descontraído e onde os protagonistas podem bem de quatro patas. Está apresentado o Ippolito & Maciste.
Basta descodificar o nome deste bar para perceber que os patudos têm ali lugar garantido: afinal, Ippolito é o boston terrier de Marco von Ritter e Maciste é o teckel de Thomas Cecchetti, os dois sócios. Não são os únicos que por ali cirandam, tendo, com frequência, companhia. Desde que sociáveis, todos são bem-vindos, convivendo tranquilamente com quem aprecia uma bebida ao final do dia ou petisca uma das tapas do menu.

Uma mesa comprida convida à partilha e ao convívio, um convite que se estende aos dois balcões: um virado para a ampla janela que dá para a rua e outro para o bar, onde é possível contemplar os muitos rótulos de vinhos naturais que ali se servem.
Atrás do bar é possível encontrar, além dos sócios, Guilherme Simões, o anfitrião desta experiência, também ele um dog friend. E nem podia ser de outra maneira…
A matemática das garrafas não é exata, mas calcula que rondem as sete dezenas as referências. Sobretudo portuguesas, mas também francesas e eslovenas. E até já houve um vinho em nome próprio, o Chateau Marcel, um blend de uvas brancas (60%) e tintas (40%) nascido de uma colaboração com Chinado, um produtor de alcobaça. E quem é o Marcel? O companheiro de quatro patas de Brice Orfila, o sommelier francês que se juntou aos sócios e que aplica os seus conhecimentos sobre vinhos naturais, assegurando, nomeadamente, que acompanham as propostas gastronómicas.
A ideia, explica Guilherme, sempre foi associar a cozinha ao bar, com pratos que harmonizassem bem com vinhos que sofrem pouca intervenção da enologia. Não há um chef, mas, sim, residências artísticas de cerca de duas semanas, que garantem diversidade.


O menu é curto, mas mais do que suficiente: afinal, é um bar, não um restaurante. Para picar, há azeitonas sicilianas, pimentos padron, salada de burrata, rúcula e pistácio. Mas também uma seleção de queijos franceses, tártaro de atum e hambúrguer de pulled pork.
A escolha recaiu sobre os pimentos e o tártaro, que fizeram um casamento feliz com os dois brancos provados: Thyro, do Douro, e Weissburgunder, da Eslovénia. A finalizar, para matar a curiosidade, Banzé, um espumante rosé surpreendente na cor quase tinta e na intensidade dos aromas.
Uma prova tendo como pano de fundo, além da seleção musical, conversas em vários idiomas, a comprovar que ao Ippolito & Maciste rumam muitos dos estrangeiros que se rendem à Ericeira.