O que acontece quando Justa Nobre e António Costa Boal se cruzam? Só podia ser um desafio para encontrar um vinho que faça o par perfeito com a cozinha de conforto da chef. O resultado não foi um, mas dois vinhos “Escolha da Transmontana” que trazem o extra de homenagearem as vinhas velhas e Trás-os-Montes.
São os dois que contam a história num almoço no restaurante Nobre, em Lisboa, uma oportunidade para comprovar que o casamento é feliz.
Foi – conta a chef – um namoro que levou alguns anos até se aprimorar a fórmula certa. Havia um requisito que Justa Nobre desde logo colocou em cima da mesa – tinham de ser vinhos de Trás-os-Montes. Para quem lhe conhece as origens e a defesa que faz dos produtos transmontanos, este requisito tinha toda a razão de ser.
E fazia sentido para António Costa Boal. Afinal, aquela também é a sua terra – não Macedo de Cavaleiros, como a chef, mas Alijó, sendo que atualmente reside em Mirandela.
Em Trás-os-Montes, a Costa Boal Family Estates possui 14 hectares, entre vinha e adega, e são de lá as vinhas velhas – algumas com mais de 70 anos – onde foram colhidas as uvas para estes dois vinhos. Com a particularidade de também as barricas terem sido feitas numa tanoaria local.
Cumprido o requisito geográfico, que perfil de vinhos queria a chef? O que lhe interessava era, acima de tudo, que casassem bem com os seus pratos. E o que é isso? A resposta de Justa Nobre não é técnica, mas é convicta: “São pormenores que sinto. Tenho um paladar muito limpo, não fumo, não bebo café, não bebo muito vinho.”

A escolha recaiu sobre vinhos consensuais, com um perfil enológico abrangente, precisamente para harmonizar com vários pratos da cozinha portuguesa. Que são os servidos no Nobre.
Assim, o Justa Nobre Vinhas Velhas Branco 2022 tem essencialmente Rabigato, embora com alguma presença de outras castas. E o Tinto 2020 é um blend de Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Bastardo e Tinta Roriz. “Casam muito bem com a cozinha que faço, que é saborosa, aromática, de casa”, comenta a chef.
Ambos concordam que o branco acompanha bem as entradas, o peixe ao vapor, a cataplana e o bacalhau à transmontana – embora, neste último prato, o tinto também seja uma boa opção. E, por falar em tinto, é boa companhia para os pasteis de massa tenra, o cabrito, a vitela, a caça e para sobremesas com ovo.
São vinhos que podem ser provados apenas no restaurante Nobre, tendo sido lançadas 1500 garrafas de cada. Para António Costa Boal, esta é a primeira parceria do género e – diz – “um motivo de orgulho”.
Fátima de Sousa