Se a Quinta da Lagoalva fosse um vinho seria uma garrafa grande. E porquê? A resposta é dada por Pedro Pinhão, administrador de enologia deste produtor de Alpiarça. Nestas notas de prova, partilha ainda o que acrescenta o Tejo aos vinhos.
Enologia porque…
Nunca pensei em enologia até ao 2.º ano do Instituto Superior de Agronomia, mas desde cedo soube que queria agronomia porque gostava bastante de campo e agricultura.
Um vinho é alquimia na adega ou a natureza é que sabe?
A natureza influencia muito e definitivamente ter boas uvas é crucial para fazermos bons vinhos; no entanto, o cuidado e a atenção ao detalhe na adega acabam o trabalho que a natureza começou na vinha.
O que é que o Tejo acrescenta ao vinho?
Frescura e acidez pela influência que tem na regulação térmica: a região tem dias muito quentes, mas noites relativamente frescas, e a amplitude térmica ajuda a produzir uvas com maior acidez e equilibradas.
Monocasta ou blend?
Monocasta por permitir conhecer o potencial e contributo de cada casta isolada.
O vinho que o deixa de queijo caído?
Não vou responder apenas um; na minha opinião, depende muito da ocasião, às vezes até é uma cerveja que me deixa de queijo caído.
A casta de eleição
Não posso dizer que é uma, por exemplo Alfrocheiro, Touriga Franca, Fernão Pires, Viosinho ou Sauvignon Blanc, são várias porque há mais do que uma que se diferencia, dependendo do ano ou da situação que estamos a avaliar.
É mais branco ou mais tinto?
Mais branco, claramente…
Fazer um espumante pet nat: prazer ou desafio?
Primeiro desafio, pela experiência, e depois prazer a bebê-lo na ocasião certa.

O preferido do portefólio da quinta
Quinta da Lagoalva Grande Reserva Alfrocheiro, pelo histórico que conheço da casta e da evolução vinho na Lagoalva.

Se engarrafasse a Lagoalva que vinho seria?
Seria, certamente, uma garrafa bem grande para poder guardar todas as histórias e detalhes existentes na quinta. Talvez um licoroso abafado com muito tempo de guarda.
Fátima de Sousa
Fotos: Gonçalo Villaverde