Partilha com o primo António a gestão da Aveleda, uma empresa familiar em que a responsabilidade até parece leve. Como o vinho verde. Que é descomplicado, dá prazer e alegria. E não é preciso mais, afiança Martim Guedes. São as notas de prova do co-CEO de um grupo que produz vinhos de norte a sul do País.
A paixão pelo vinho corre no sangue?
Corre, mas o vinho não vem sozinho. Com ele traz a gastronomia, os amigos, os bons momentos, é todo um estilo de vida que o vinho enaltece.
Aveleda é sinónimo de…
Equilíbrios. Tradição e inovação. Vinho e jardins. Família e empresa. Ambição e humildade.
A primeira memória do mundo vinícola
Ainda era estudante, tinha cerca de 20 anos, nas férias fui com o meu tio António a Bordéus, à Vinexpo, a maior feira de vinhos do mundo; foi a primeira vez que “espreitei” para dentro deste mundo.
O primeiro golo foi às escondidas ou nem por isso?
Nem por isso. Foi o meu pai que me serviu o Quinta da Aveleda “clássico”, que tinha no rótulo um desenho da Casa da Aveleda com um carro de cavalos à frente. A casa é a mesma de sempre, onde brincava em criança, os cavalos já não tive a sorte de os ver.
Continuar o legado da família pesa ou a herança é leve?
Aqui o peso da responsabilidade até parece leve. A Aveleda é uma empresa familiar no sentido lato, temos uma comunidade e um conjunto de trabalhadores que sente a empresa como sua, é uma grande família. Com todo este apoio, tudo se torna tão leve como o vinho verde.

Como é dividir a gestão com o primo? Quem é que leva a melhor?
Quem leva a melhor é sempre a Aveleda. Tenho um excelente entendimento com o António, um apoio mútuo e partilhamos a convicção de colocar o interesse da empresa em primeiro lugar.
Dos verdes aos do Douro, da Bairrada e do Algarve. Há uma região de eleição?
Pela ousadia da aposta, vou escolher o Algarve. Ainda muito desconhecido no léxico vínico, tem imensa qualidade e potencial. No nosso projeto em Villa Alvor conseguimos ter excelentes vinhos, num local com vistas extraordinárias e numa região onde apetece viver 12 meses por ano. Ali, a experiência de provar vinho é fantástica.
E um filho preferido no portefólio?
Casal Garcia Vinho Verde Branco. Moldou a história da nossa empresa, criou uma marca icónica, adorada pelos consumidores, que é a simbiose perfeita de tradição e inovação.
Do pop ao top. O vinho verde é mesmo assim?
Talvez… como o pop, muitas vezes não recebe a mesma atenção dos mais eruditos, mas, no fim, ouvem e apreciam. É descomplicado, sabe bem, dá prazer e traz alegria. Precisa de mais?
Se a marca Aveleda fosse um vinho, como seria?
No nariz seria perfumado como são os nossos jardins na primavera, na boca seria complexo, refletindo a diversidade das nossas 11 quintas.
Fátima de Sousa