É de uma propriedade pertencente a D. Antónia Ferreira, a “Ferreirinha”, que chegam os vinhos Quinta do Vesúvio que estiveram à prova, em Lisboa, no âmbito dos dez anos da garrafeira Empor Spirits. Foi uma prova rica, pela oportunidade de perceber as particularidades destes vinhos tranquilos do Douro Superior, nomeadamente o potencial de guarda.
Os primeiros registos históricos sobre a quinta remontam a 1565, sabendo-se que foi herdada por D. Antónia em 1844 e que, em 1989, integrou o portefólio da Symington. À frente estão, atualmente, a quarta e quinta gerações da família, a elas se devendo a aposta nos vinhos tranquilos.
E foram quatro – dos anos de 2011, 2017, 2019 e 2021 – os que se sucederam nesta prova vertical conduzida pela enóloga Mariana Brito. Embaixadora da marca, começou por destacar o rigor que é colocado na data da vindima e na seleção das uvas à entrada na adega. A fermentação acontece quase sempre em inox, com o lote a estagiar depois em barricas de 225 ou 400 litros, por 14 a 16 meses.
São, no geral, vinhos que beneficiam do tempo em garrafa, como a prova demonstrou, com os mais antigos a testemunharem – como afirmou – “um Douro mais estruturado” e os mais recentes a exibirem maior “elegância”. Touriga Franca e Touriga Nacional são as castas dominantes, com uma pequena percentagem, não mais do que 5%, a pertencer à Tinta Amarela.
Sendo provenientes do Douro Superior, são também os que menos sofrem a influência da costa. Além disso, as uvas são plantadas em altitudes que oscilam entre os 100 e os 500 metros, numa propriedade que exibe cerca de 130 vales. Características que influenciam a produção vitivinícola desta quinta que apenas em 2007 começou a apostar nos vinhos tranquilos.
No entretanto, além da marca que tem o nome da quinta, deste vesúvio duriense saem também o Pombal, que estagia em barricas usadas, e o Comboio, sem estágio em barrica.
No que toca ao vinho do Porto, Mariana Brito destacou que, no Vesúvio, todos os anos são vintage, mesmo que não declarados pelo IVDP – Instituto dos Vinhos do Douro e Porto. São, no entanto, submetidos ao crivo oficial, com o título a ser-lhes reconhecido. À prova estiveram o Capela 2007, um Porto estruturado, mas, simultaneamente, elegante, e o Quinta do Vesúvio Vintage 2018, em que se evidencia o sabor a fruta, com o teor alcoólico muito discreto.
Fátima de Sousa