O brinde aos 70 anos da Adega do Cartaxo faz-se com um vinho tinto especial: uma edição comemorativa, que resulta de um blend das melhores barricas da colheita de 2015.
É – como explicou o enólogo Pedro Gil, no evento de apresentação, em Lisboa – um vinho que exibe complexidade, dada a panóplia de castas que integra. Entre elas encontram-se as que se destinavam aos vinhos Desalmado, Bridão Reserva, Bridão Private Collection, Bridão Alicante Bouschet, Bridão Touriga Nacional e Bridão Trincadeira. O mesmo é dizer Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Tinta Roriz
.As uvas foram totalmente desengaçadas, esmagadas e sujeitas a uma maceração prolongada durante cinco dias, com controlo de temperatura de fermentação a 25.ºC. E o blend estagiou, depois, 12 meses em carvalho francês com grão extrafino.
O resultado é um tinto de cor granada, quase opaco, e com aroma intenso a frutos silvestres maduros, groselha, compota, geleia, juntamente com notas de chocolate. Na boca, é igualmente intenso, com a fruta a sobressair. É fresco, profundo, complexo e de boa estrutura.
Está disponível numa edição limitada de 1954 garrafas, remetendo para a data oficial de constituição da Adega do Cartaxo. Com um preço de 70 euros, que remete igualmente para a data que se celebra.
Sobre o histórico falou o presidente da adega, José Barroso, que deu conta da evolução qualitativa e de posicionamento dos vinhos nela produzidos. E aqui os anos de 1999 e 2000 marcam uma viragem no esforço de promover maior qualidade, com uma maior aposta na vinificação. E em 2018 a adega deixou de vender vinhos de mesa, com toda a produção certificada, ao abrigo das normas da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo.
Na mesma linha, o diretor comercial, Fausto Silva, abordou o esforço da enologia da adega para aportar valor acrescentado, investindo na qualidade e na diversificação como vetores de diferenciação dos vinhos do Cartaxo. O que – disse – tem dado resultados, traduzindo-se numa maior confiança dos mercados, graças à consistência da qualidade.
Assim é também nos mercados internacionais, fruto de uma estratégia iniciada em 2008. A adega exporta cerca de 26% da sua produção. França, Polónia e China são os principais destinatários.
O lançamento desta edição comemorativa dos 70 anos foi acompanhado de uma prova de alguns dos vinhos da adega, nomeadamente um de 1978, o mais antigo. De acordo com o enólogo, não existe sequer muita informação sobre ele, sabendo-se que resulta das castas mais tradicionais da região, como a castelão, e que foi vinificado em ânfora, o que, por ausência de desengaço total, contribuiu para a longevidade.
Fátima de Sousa