Podia ser o destino, mas será certamente apenas coincidência que o número 9 da Praça David Leandro da Silva, em Lisboa, sejam sucessivamente cenário de sabores latino-americanos: primeiro, o El Bulo Social Club e, desde 2023, a Taqueria Paloma. Que entra em 2025 com um novo chef e muito salero.
O ambiente é vibrante. Como numa cantina típica. Na decoração, com a abundância de cor a conferir calor ao armazém de Marvila. E o nome não engana – ali, reinam os tacos. E reina também a ambição de a transformar na melhor loja de tacos de Portugal. Uma ambição protagonizada pelo fundador do projeto, Julien Garrec, também responsável pelo Dear Breakfast. Também aqui o nome não engana, mas isso fica para outro artigo.

Com a fasquia assim elevada, Julien trouxe para a sua Paloma um novo chef: Aarón Villarreal, que os fãs da gastronomia mexicana já conheciam do Pistola y Corázon, cuja cozinha liderou de 2014 a 2017. Depois de uma recente colaboração com o clássico Pap’Açorda. Nascido em León, no México, começou por estudar Antropologia Social, mas seria a gastronomia a conquistar-lhe o coração, quando se mudou para Portugal, há 11 anos.
O curso deixou, no entanto, algumas sementes e Aarón diz-se apaixonado pela fusão entre comida, história e cultural. Mas, sem esquecer as raízes: daí que, na sua cozinha, haja pratos que remetem para os sabores de infância, como chilorio, feijão e arroz verde. Daí também que, entre as suas preferências, estejam o aguachile, os tacos al pastor e os tacos de carne bovina. Não admira, pois, que tenham lugar reservado na renovada taqueria.

E que tenham sido degustados no almoço em que se deu a conhecer “oficialmente”. Depois de um cocktail com o nome da casa, começou o desfile de iguarias. E o aquachile foi, precisamente, o primeiro: um ceviche mexicano oriundo da região de Sinaloa, em que o camarão é marinado por sete horas, resultando num prato fresco.
Seguiram-se os chilaquiles com chicharrón, o mesmo +é dizer tortilhas de milho com pico de gallo e entremeada de porco estaladiça, algo que, segundo o chef, é típico num brunch mexicano. Deu lugar a uma tostada de atum, com abacate e cebola, uma inspiração da Baja Califórnia, onde a pesca faz o dia a dia.
Estando numa taqueria, os tacos não se fizeram esperar: o al pastor, com porco marinado com ananás assado; o res, com carne de vaca fatiada; o de peixe, com peixe branco frito; e o de chicharrón, com pele de porco frita, cebola e abacate. Quatro versões, quatro experiências distintas, mas complementares.
E, mesmo já sem apetite, como resistir à sobremesa? Ou melhor às duas que foram servidas: tarte de lima, mais fresca, e bolo tres leches, mais indulgente, mas sem excessos de açúcar. É caso para dizer “larga vida Paloma”!